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sexta-feira, 19 de outubro de 2018

Chegamos mais longe do que qualquer coisa que já passei. Estou assustada, feliz, mas assustada. Assutada por você, pela primeira vez. Antes tinha medo de ser anulada, de ser mudada, em sentidos da transcendentalidade que não gostaria de alterar. Bati o pé, me mantive. Depois tive medo de ser anulada, de ser mudada, em sentidos da mundanidade que não gostaria de alterar. Bati o pé, me mantive. Agora dou de cara com você. O perigo sou eu. O problema não é mais pensar se serei feliz, mas se vou te fazer feliz. Tenho medo do meu eu futuro, de repetir por diversas vezes meus acontecimentos originais nesse presente eterno, de não me curar, de não enterrar o passado. De me transformar naquilo que rejeito, mas que me habita desde antes mesmo de eu conhecer a mim mesma. Você é amor, você é cuidado, você é paciência, você é abraço. Você é tudo isso, porque você não fala sobre isso, porque você nem sequer deve se dar conta disso. Enquanto isso eu sou eu, a bagunça, a erupção inesperada, eu sou o pensamento, eu sou o controle. Eu sou a solidão, a imersão, o buraco.

segunda-feira, 28 de maio de 2018

piano

Eu poderia te ouvir tocar para sempre
Você transforma qualquer tecla que eu aperte em música
Seus dedos alternam entre a leveza e a dureza necessária
Seus olhos ora fixos, ora fechados
Você põe tudo o que é nesse instrumento
Sua alma se confunde com o material
E o seu som ecoa dentro de mim e pela cidade

quarta-feira, 2 de maio de 2018

O seu amor tem gosto de liberdade
de América latina, de revolução
O seu amor é novidade
Tem a pureza da infância,
o privilégio de não querer saber
para poder aprender.

O meu amor tem ânsia
de buscar o que não se pode dar
Tem gosto de querer se libertar
e não conseguir
De querer crescer
e ser sempre vista como criança