Páginas

terça-feira, 4 de agosto de 2015

Pássaros

Então eu precisei entrar na pequena lavanderia do apartamento onde morei durante minha infância. A janela, a única do lar que não tinha grade, estava aberta e o dia estava feio e escuro. 
Entre as coisas velhas e abandonadas no frio e na escuridão, eis que me deparo com meu passarinho...
Meu pássaro?! Meus pássaros?! Meu Deus! Meus pássaros! Como pude me esquecer! Meu Deus, olha o estado deles! Como podem estar vivos?! Meu Deus! Sou uma pessoa terrível! Mal me lembro da última vez que os vi, que os alimentei!
Calopsitas, papagaios e outras raças que não conheço. Todos depenados, descoloridos, desnutridos, com a validade mais que vencida! Velhos, estragados! E quanto mais eu olhava, mais pássaros via.
Como se já não bastasse o estado moribundo que se encontravam, suas patas estavam amarradas nas gaiolas, daquelas que não são completamente fechadas.
A única coisa que consegui pensar em fazer foi desamarrá-los o mais rápido possível! Um por um, rapidamente! Eles precisavam sair dali! Já tinham esperado e se agonizado demais!
Enquanto eles se soltavam e alçavam voo, para longe de mim, minha culpa ia se aliviando e eu ia entrando em êxtase pela liberdade que finalmente os proporcionava. 
Alguns, porém, insistiram em voar de volta para suas gaiolas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário