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sábado, 24 de março de 2012

Garota ruiva

Ela tinha cabelos vermelhos e roupas pretas. Ela nunca esteve naquela casa, mas em uma noite ela se encontrava em frente a ela, do lado de fora, discutindo com alguém no celular.
Qualquer um que visse essa cena pensaria que ela simplesmente estava em frente a uma casa, mas os moradores da rua a viram entrando e estranharam. Justo aquela casa?
Quem morava lá era um doce velinha que adorava flores; e isso era nítido, já que a casa era cercada por elas. Ela recebia seus dois ou três netinhos quase todos os dias, e dava para perceber que os amava muito.
Passaram-se os dias e em quase todas as noites lá estava à ruiva, fora da casa, no celular. Era um contraste e tanto. Dava para ver nitidamente que ela não pertencia a aquele lugar.
 Alguns dos vizinhos ousaram fazer o perfil da garota, e boas coisas não vieram à tona. Mas, como não ser preconceituoso? Que raios essa garota estava fazendo naquela casa? E do nada? Poderia ela ser filha da doce velinha? Mas como se ela já mora há bastante tempo lá e essa garota só apareceu agora?
E com o tempo os comentários começaram a ficar piores. A curiosidade provocou  uma certa raiva da garota por parte dos vizinhos. Isso porque a garota começou a se mostrar cada vez mais rebelde aos olhos do vizinho: chegava de moto, ouvia rock pesado sem fone de ouvido e às vezes levava seus amigos para frente da casa onde eles fumavam: eles fumavam, ela não.
Os vizinhos com mais sede da verdade tentaram, discretamente, arrancar alguma informação da dona da casa, mas esta não disse nada que os interessassem.
E quase toda a noite, lá estava a garota, sempre fazendo algo curioso e ao mesmo estranho ao ver dos vizinhos. Até que um dia, ela se foi e eles conseguiram se concentrar em suas próprias vidas.