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sexta-feira, 21 de junho de 2013

Calmamente ele chegou ao meu lado. Com gestos que definem sua personalidade de um jeito que me enlouquece, levou o cigarro de sua mão (ah, sua mão... por que não me toca?) até a sua boca (oh, sua boca... por que não me anseia como anseia este cigarro? Por que seus membros não me levam até sua boca? Até você?).
Minha timidez impedia que eu o encarasse, mas eu conseguiria observá-lo tanto com a minha visão periférica tanto com os meus instintos.
Ele esperava o ônibus e eu esperava por ele.
Pedi a todos os nomes que vieram a minha cabeça para que o vento soprasse do leste para o oeste, para que ele pudesse sentir o perfume de rosas que eu passei pensando nele.
Mas o vento resolveu sobrar do oeste para o leste e minhas narinas foram invadidas pela fumaça de seu cigarro. Sua nicotina me fez ficar ainda mais viciada nele. Passivamente ela altera meu funcionamento cerebral, que só pensa nele. Ele é o meu câncer.
Sete segundos depois meu cérebro acalma e eu sinto prazer.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Pergunta burra

Quando estendem a mão
Com tom de interrogação
Rogo para não ser em vão
A tal horrível interrupção

Dou enormes gargalhadas
De suas inúmeras falhas
Mas quero que suas entradas
Sejam, por favor, barradas

Quem sabe não pergunta!
Oh! Quanta gente burra!
Por que não vão para rua
Com suas mentes cruas?!

Como querer outra opinião?
Quem mesmo sabe, seu pião
Não precisa discutir não
Aqui não existe questão!

Só Deus e seu grande amor
Para aguentar tanto horror
Avise-me aonde você for
Para eu me livrar do inferior

Não sei se rio ou se choro
Desistam do curso, eu imploro!
Eu juro que me controlo
Para não lavar bocas com cloro

Eu só estou na universidade
Com o diploma como prioridade
Já que sabia de toda a verdade
Com somente cinco anos de idade

Ah! Quando eu for doutor
Aí que vocês vão sentir a dor
Falarei sem nenhum pudor:
- Você é burro, meu senhor!