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quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Eu quero me perder da multidão
Eu quero guardar segredos, desvendar mistérios
Quero o baixo, o sussurro, o escondido
Quero o quieto, o acalento, o sereno,
Não incomodar os passarinhos.

Quero as noites escuras, as quatro paredes, o barulho de chuva.
Quero experiências únicas e minúsculas.
Não quero estruturas, nem conjunturas,
quero o corriqueiro, o que se perde com o início da manhã.

Não sou claustrofóbica
Não tenho medo do menor
Mas tenho medo de me perder
No deserto, na floresta, no universo, no mar
Quero chegar perto, quero repousar
Dividir uma rede
Encostar minha cabeça em peito alheio

Viver uma vida não em coletivo
Mas em par
Quero esquecer do resto da população, das porcentagens, das tradições
Quero o novo, o exclusivo, o indivisível,
Eu quero o íntimo, acima de tudo, o íntimo.

sábado, 14 de novembro de 2015

Não me culpem por ser tão dentro de mim, mas quando se está na prisão por tantos anos, o seu próprio interior é o único refúgio.
Mas não posso me enganar achando que as filosofias sobre a vida e as experiências dos homens do passado me libertarão. A minha existência define minha essência. Então não estou mais somente na prisão, eu sou a prisão.
Não posso deixar que passarinhos voem para dentro de minha cela e queiram ficar, fissurados por uma falsa representação de beleza. Eu tenho que deixar eles irem senão, de qualquer forma, eles morrerão ao meu lado. Com o tempo ficam sem cor, sem pena, magros. Mortos vivos. Por mais que eles queiram se amarrar, eles têm que sair, nem que eu tenha que expulsá-los. Eles têm que ser livres, mesmo que a consciência da liberdade demore para aparecer neles. 
Quanto a mim não se preocupem. A melhor forma de gostar é não ter. Talvez os aviste voando por aí pela minha janela quadrada.