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sexta-feira, 24 de agosto de 2012
O tocador de gaita
Ele entra nos ônibus
somente por um ponto
Esse é o nosso personagem
que não é nada tonto
Pede pelo amor de Deus
para passar debaixo da catraca
O cobrador deixa
e ele abre a matraca:
"Eu não sou daqui
vim do interior
São Paulo parecia bom
e Bauru tão inferior
Trabalhei em um posto
lavando caminhão
mas ele fechou
para minha decepção
Agora moro debaixo de ponte
lá na Marginal
Isso não me envergonha
humildade não faz mal
Só tenho a roupa do corpo
e também esta gaita
Que como podem perceber
não sei tocar nada
Preciso de colaboração
dinheiro ou comida
todas as formas de ajuda
são muito bem-vindas"
Conseguiu alguma coisa
e não ligou para a intenção
Uns deram por bondade
e outros por incomodação
A gaita pode ter ajudado
e isso é bem possível
Já que por ser mal tocada
saía um barulho terrível
Desceu um ponto após
Sua história não foi ignorada
Quantos onibus será pega?
Deixou mais pessoas inspiradas?
Quanto ao pobre homem
não sejamos mais um a julgar
Há tantas possibilidades,
tanto a considerar
Poderia ser de sono
seu andar cambaleado
e de tanto chorar
seu olho avermelhado
Concordando ou não comigo
Ouçam o que vos digo:
toda história é possível
inclusive as de mendigo.
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Oxe, Bia, arrasou! Você é muito poética, toda poética.
ResponderExcluirConcordo contigo. Toda pessoa merece atenção e respeito.
Beijão.