Eu não te conhecia por inteiro, não sabia como era
conversar com você sobre assuntos íntimos cara a cara, não conhecia exatamente
o tom da cor dos seus olhos, a temperatura da sua pele e o gosto do seu beijo. Mas
já amava a metade que conhecia.
Éramos confidentes, éramos o segredo. Estávamos juntos e queríamos
que o mundo soubesse disso ao mesmo tempo em que estávamos bem em só saber que
você me amava e vice-versa.
E é incrível saber que por mais que eu me esforce não
consigo lembrar claramente como aquela situação era para mim, porque, por nos
conhecermos tão bem hoje, é difícil se lembrar da época em que não nos conhecíamos
direito. Como pude um dia hesitar em te dar um beijo de cumprimento? Ou em não
te apertar a todo o instante? Ou não conhecer o meu lugar em seu carro?
Imagino eu daqui uns anos fazendo um texto de quando não
sabia como era te esperar para jantar, de ser acordada por você, de não ter que
sair de casa para te ver, de preparar pipoca para assistirmos um filme juntos
em nosso sofá, e tantas outras situações que eu nem faço ideia que existirão...
cada segundo de uma vida é metafísico. há metafísica, há filosofia. eu não penso no passado, e se penso ele é parte de presente de um eu que sou agora. é um eterno momento se renovando de maneiras diferentes em uma eterna sensação de soma. nunca de subtração. dividindo, às vezes. mas sempre. é difícil pensar no que virá. eu não tenho pressa de nada. cada segundo nessa vida, com você, é um segundo de experiência que eu quero. eu não espero o futuro, embora anseio-o, e só agora percebo a diferença entre anseio e espera. é tudo tão denso que quase posso tocar, não só o seu corpo, mas o seu cheiro, e a sua voz. a sua delicadeza em ser gentil, em ter paciência em também me querer de maneira paciente, delicada, agressivamente-inofensiva. tenho certeza, às vezes, que as minhas palavras só têm clareza aos teus ouvidos. que os meus gestos só podem ser vistos por você. que a minha pele só combina com a tua. eu te amo. em todas as línguas.
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