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sexta-feira, 21 de junho de 2013

Calmamente ele chegou ao meu lado. Com gestos que definem sua personalidade de um jeito que me enlouquece, levou o cigarro de sua mão (ah, sua mão... por que não me toca?) até a sua boca (oh, sua boca... por que não me anseia como anseia este cigarro? Por que seus membros não me levam até sua boca? Até você?).
Minha timidez impedia que eu o encarasse, mas eu conseguiria observá-lo tanto com a minha visão periférica tanto com os meus instintos.
Ele esperava o ônibus e eu esperava por ele.
Pedi a todos os nomes que vieram a minha cabeça para que o vento soprasse do leste para o oeste, para que ele pudesse sentir o perfume de rosas que eu passei pensando nele.
Mas o vento resolveu sobrar do oeste para o leste e minhas narinas foram invadidas pela fumaça de seu cigarro. Sua nicotina me fez ficar ainda mais viciada nele. Passivamente ela altera meu funcionamento cerebral, que só pensa nele. Ele é o meu câncer.
Sete segundos depois meu cérebro acalma e eu sinto prazer.

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