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quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Masoquismo poético

Só sei escrever sobre amor!
Meus poemas são péssimos
Não valeriam uma flor

Palavras tão usuais
Quer sentimentos, quer opiniões
Os assuntos são sempre iguais!

Fale de monstros, pessoas mumificadas
mas, por favor, não me fale
de sílabas metrificadas

Pior seria se fosse prosa
Sou desorganizada, errada
Sairia uma coisa horrorosa

Oh, queridos poetas
Ao invés de me inspirarem
Só me deixam com inveja!

Essa angústia invade meu peito
Só quero escrever um soneto!
E não ganhar carro ou dinheiro

Recorro sempre ao dicionário
Aceito até doações
para meu pobre vocabulário

Sempre rimo verbos
Isso me enoja
Quero me tacar de um prédio!

Ainda bem que tudo é moderno
Senão Bilac me condenaria
a um castigo eterno

Esse problema vem do berço
Eu leio e estudo
mas depois tudo esqueço!

E ainda vem Bandeira
querendo me convencer
que ele que tinha problema!

Só com alguma droga
que eu criaria algo bom
Quem sabe até uma trova

Mas tenho dó do meu pulmão
Além do mais é só um hobby
E não meu ganha pão

Então fico tranquila
Todos são livres
Para criar porcarias

E não espero escrever como Drummond
Bocage ou Camões
Só algo bom para o Ramon

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