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sábado, 14 de novembro de 2015

Não me culpem por ser tão dentro de mim, mas quando se está na prisão por tantos anos, o seu próprio interior é o único refúgio.
Mas não posso me enganar achando que as filosofias sobre a vida e as experiências dos homens do passado me libertarão. A minha existência define minha essência. Então não estou mais somente na prisão, eu sou a prisão.
Não posso deixar que passarinhos voem para dentro de minha cela e queiram ficar, fissurados por uma falsa representação de beleza. Eu tenho que deixar eles irem senão, de qualquer forma, eles morrerão ao meu lado. Com o tempo ficam sem cor, sem pena, magros. Mortos vivos. Por mais que eles queiram se amarrar, eles têm que sair, nem que eu tenha que expulsá-los. Eles têm que ser livres, mesmo que a consciência da liberdade demore para aparecer neles. 
Quanto a mim não se preocupem. A melhor forma de gostar é não ter. Talvez os aviste voando por aí pela minha janela quadrada.

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