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terça-feira, 3 de julho de 2012

Meu amor,

          Ela sempre procurou pelo amor. Não queria sentar e o esperar como a aconselhavam, queria se levantar a cada livro lido e a cada filme assistido. “Se elas o acharam, por que não eu?” pensava.
          Então se apaixonava por um olhar ou por um toque ou por uma palavra. E quando se magoava o suficiente, partia para outra paixão, uma nova tentativa, e quando não aparecia voltava a antigas paixões.
          Ela realmente tentava esquecer, escrever sobre outros assuntos, mas não conseguia, queria escrever sobre sentimentos. Agora ela vê que amava mais escrever sobre sentimentos, que ela aumentava para ficarem mais poéticos, do que os sentir; mas antes pensava que deveria amar platonicamente alguém para produzir textos bons. Então escrevia e escrevia.
          Qualquer um que lesse acreditaria que ela tinha achado o amor da vida dela, era tão convincente! Também, a única coisa que havia era uma mente romântica, um papel e um lápis. Mas ela sempre sabia qual era a real história.
          Com um tempo, começaram a perceber que eram muitos “amores da minha vida” para uma única vida. Então ela respondeu que desistiria de ir atrás dele e resolveu dar uma chance a quem vinha atrás dela. Dessa vez não só enganou aos outros, mas abriu seus olhos a tempo e deixou a carência de lado. Resolveu dar tempo ao tempo.
          Quando desistiu de se levantar e esperar sentada, sem planejar, encontrou-se sentada de frente a um moço também sentado. Ambos não pretendiam se levantar, mas como uma dança coreografada levantaram-se juntos, passaram a andar juntos e com as mãos juntas.
          Ela se apaixonou por um olhar e um toque e uma palavra e amou por tudo o que ele era.
          Seus corações admitiram derrota e eles tiveram certeza de que o amor é real  e que ele nasce de onde menos se espera. Ela, especificamente, nunca se sentiu daquela maneira. Encontrou o equilíbrio que tanto procurava e percebeu que escreveu muito mais sobre esse amor correspondido do que sobre os platônicos. Ela nunca se sentiu tão feliz e completa em sua vida, finalmente tinha achado a sua nova árvore e não se importou nem um pouco com as que tinham sido cortadas, ao contrário: agradeceu por elas terem partido.
          Porém, um dia, ele resolveu parar de olhar para o caminho adiante e virou-se para o caminho já percorrido. Percebeu que talvez tivessem corrido ao invés de andado, e assim como os outros, não acreditou ser verdadeiramente o único amor da única vida dela. Ela, com este passado vivido e documentado, não sabia o que fazer para ele acreditar nela, a não ser escrevendo outro texto que trás a seguinte mensagem resumidamente: Não posso falar que meus antigos textos eram sobre você, mesmo querendo muito que todos eles fossem. Queria ter realmente te conhecido há todo esse tempo que sentimos que nos conhecemos. Mas, o que eu posso te afirmar com tudo o que sei é que todos os próximos serão sobre você porque eu te amo, e nunca amei ninguém assim, você é o único com quem eu imagino e quero estar.”

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