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quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Se você pudesse olhar para mim
Olhar para mim, mesmo
De verdade
Bem de perto
A olho nu
Veria que não tenho mais dezesseis
Mas que também não tenho sessenta
Veria que estou só
Mas que aqui dentro não há falta
Veria que tenho memórias
Mas não deixo de lado o meu presente
Veria que não estou morrendo
Nem caçando migalhas
Mas que, pelo contrário,
Sou chama viva
Sou possibilidades
Sou juvenilidade
Sou liberdade
Sou, também, futuro

Veria que minha ambição
Não passa por cima de ninguém
Veria que tenho medo de magoar
Enquanto passam por cima de mim
Veria que sou pacífica
E por isso engulo muitos sapos
Veria que meu senso de justiça
Condena não só a mim mesma

Mas você não pode me ver
Nem ninguém pode
Mas a ciência faz isso:
Faz-nos achar que conhecemos
Só porque lemos

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