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quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Nunca fico bêbada
nunca nem bebo
Mas decidi, para variar,
ser um pouco adolescente

Não era para ser pouco
era para extrapolar
era para tacar merda no ventilador mesmo
era para esquecer quem eu sou
e dos outros
era para esquecer a culpa
a sensação de ser observada,
vigiada e controlada

Bebi, dancei, tirei a roupa
peguei um carro
corri para mais de 150km/h
gritava e gritava palavrão
porra, cassete, caralho, foda-se, buceta
pa-ra-le-le-pí-pe-do
e depois quando meu repertório acabou
dei para falar comigo mesma
falava do que estava no mais fundo da minha alma
e num momento seguinte falava sobre desenhos animados

e a lei seca?
me desculpe, seca?
não estou seca
nem me lembro de estar seca
não sei o que é estar seca
nunca ouvi essa palavra
tudo o que tem dentro de mim são águas
e águas
correntes correndo
e batendo em pedras
formando explosões
de puro tesão
nossa, que tesão!
meu corpo estremecia
se aquecia
tinha espasmos
movimentos involuntários e voluntários
uma chama vinha de dentro
e subia
como um vômito

Vômito...

Depois da breve ressaca
fiquei sóbria demais
cética demais
seca demais
cruel demais
e me esqueci de tudo

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